sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Bossa Humana!

De que são feitas as pessoas?
Por que não são todas iguais, niveladas por cima?
Às vezes me vejo fazendo comparações estranhas. Penso, por exemplo, na música composta, na base, por apenas sete notas. Sons completamente distintos que, tocados um após o outro, se percebem únicos. Todavia, quando unimos tais notas em uma só peça, as notas deixam de ser apenas notas e tornam-se acordes. Se tocadas numa sequência lógica, formam escalas. Maiores, menores, cromáticas, pentatônicas, exóticas, diminutas, blues...
São tantas!
Assim, pois, vejo as pessoas. Isoladas, sozinhas, são exclusivas, cada uma com sua individualidade, personalidade, vicissitudes e grau evolutivo distinto. Emitem o seu próprio som, algumas vezes sinfônicos, por vezes estéreis, mas nos revelando suas particularidades. Mas basta que coloquemo-nas juntas para que formem um caleidoscópio brutal nem sempre harmônico. Aliás, quase nunca! Cada uma com sua peculiaridade, suas falhas e predicados, mas sempre sensível e interessante de ouvir.
Se as pessoas funcionam assim? Nem sempre. Às vezes sim, por um tempo, após o que, se desgastam, como uma corda velha e surrada de um violão. Assim é com a maioria. Ressalvemos os casos mais raros, nos quais a união de pessoas soa por décadas como as notas musicais: eternas! Muitos de nós já desejamos que assim fosse, longe das distorções e das dissonâncias... Afinados!
Nas relações interpessoais, sejam entre amigos, colegas de trabalho, desafetos de outros planos, e até mesmo relações familiares, que bom seria se os acordes massageassem nossos ouvidos... Muitas vezes estupram nossos tímpanos!
Mas só a música tem que soar de forma afinada e retilínea sempre!
As pessoas, não!
Aos nossos ouvidos seriam sem graça, sem sentido e sem propósito! Acordes perfeitos são raros entre elas, pois diferem em graus evolutivos, diversos são os traços de personalidades e, por conseguinte, a maioria desafina. Inúmeras relações apresentam sons acústicos e orquestrais, mas no backstage tais escalas não se formam, pois estão longe de serem lógicas. Nem que sejam de forma discreta e quase imperceptível, ali quase sempre tem uma nota atravessada.
À isso, na música, deram o nome de Bossa Nova. Na vida, porém, há muito, muito mais tempo, alguém decidiu dar a tais notas atravessadas e confusas, outro nome: Humanidade!
NAMASTE!

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