sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Seus Monstros!

Em princípio, qualquer objeto, idéia ou sentimento pode nos causar medo, seja qual for a situação em que se apresente. Porém, para vencê-lo, é necessário identificar as emoções que o geraram. Sempre que somos expostos a algo que nos atemoriza, essas sensações são sentidas em toda a sua plenitude.
Mesmo sem perceber algo de concreto que possa causar medo, nosso organismo se prepara como um todo para uma reação de fuga. Um simples galho quebrado é igual ao peso de um animal lhe antecipando a possibilidade de perigo. É importante observar que, se por um lado, essa antecipação pode evitar certas dificuldades, por outro, pode levar à desistência de possíveis realizações pessoais. Somada à paralisação das atividades antes desempenhadas, tal renúncia é considerada o maior prejuízo nos quadros clínicos produzidos pelo medo. Observemos que não somente nossos sentidos se aguçam, mas nossa imaginação também se acende, aumentando nosso medo e nossas suspeitas. Na verdade, imaginamos o que mais tememos. Após ler um livro de terror e/ou suspense, ao se deparar com o filme de mesmo título, autoria e enredo, sua imaginação tece um terror que era bem mais atemorizante do que o concebido pelo diretor do filme. Quanto mais o imaginário estiver presente, mais difícil será combater o medo através da razão, pois o cenário imaginado é uma realidade existente apenas para quem o cria. É por isso que, muitas vezes, os mortos assustam mais do que os vivos!
O fato é que o mundo interno possui também uma realidade objetiva, semelhante em alguns aspectos à realidade do mundo externo.
Uma vez ativadas, as imagens do inconsciente profundo adquirem um grau de realidade parecido com a que percebemos através dos órgãos dos sentidos. Lembremos as miragens que atacam os viajantes sedentos no deserto, ou as alucinações dos esquizofrênicos, as quais mostram uma realidade que não conseguimos enxergar, mas que é bem real para eles. Qualquer tema, objeto, idéia, animal, etc., por mais inocente que sejam, podem se transformar em algo muito temido. Um gato preto que atravessa o nosso caminho pode ser considerado por muitos como símbolo de azar e mau presságio, sendo, portanto, assustador, mas para outros, apenas um felino indefeso.
Algumas coisas acabam sendo genericamente temidas. A dor tem um caráter tão desagradável que apenas pensar na possibilidade de senti-la pode ser suficiente para provocar uma resposta de fuga.
A morte e a loucura amedrontam por simbolizarem a perda da consciência e de se continuar a existir. As doenças podem trazer dor, dependência e até a morte. As forças naturais – terremotos, maremotos, furacões, etc. – são temidas por nos remeterem à nossa tremenda impotência e fragilidade diante do mundo natural. Nossa própria natureza, representada pelos instintos (forças que, quando desconhecidas, podem ficar sem controle!), chegam a aterrorizar.
Até mesmo a concepção de um Deus punitivo é capaz de gerar temor e paralisia diante da vida.
Graças ao seu caráter de imprevisibilidade, a própria vida acaba sendo geradora de ansiedades e medos.
Quantos não se entregam ao fluxo da existência com medo de não conseguir realizar o que ela propõe?
Quantos não buscam o mundo imaginário para não viver sua realidade?
Podemos facilmente reconhecer o medo nos negativistas, nos prudentes, nos desconfiados, nos mentirosos, pois todos o trazem na essência de seu comportamento. O negativista enxerga tudo negro, o que justifica, para ele mesmo, não ter de se arriscar e lutar pelo que deseja. Agir com cautela significa medir bem todas as possibilidades para que nada saia errado. Desconfiar, por outro lado, é ter uma idéia pré-concebida de que, a qualquer momento, aquilo de ruim que se imagina pode ocorrer.
Além do medo generalizado, um grande Monstro que aterroriza a consciência de muitos é a Mentira. Mentimos sempre que não conseguimos lidar com nossos medos de outras mentiras. Mentimos para nos proteger, seja por nossa incapacidade em cumprir com uma norma estabelecida, seja porque nos sentimos frágeis, vulneráveis nas mãos do outro, e novas mentiras são sempre necessárias para amparar as anteriores.
A possibilidade de sermos desmascarados nos parece sempre iminente, e logo nos antecipamos em mentir para garantir mentiras. Enfrentar nossos medos e falar a verdade é sempre algo que requer muita coragem, principalmente para agüentar as conseqüências, quaisquer que sejam.
Uma coragem "+ ou -" é um medo inteiro.
Uma meia verdade é uma mentira inteira.
Enfrente seus Monstros... O resultado final lhe surpreenderá!
NAMASTE!

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