segunda-feira, 20 de novembro de 2006

A Negra Noite da Consciência!

Às vezes me pergunto em que país eu vivo. Porém, o testemunho da minha consciência me faz ver que a loucura que gera esta questão tem origem nos outros, e não numa possível ilusão geográfica... Eu continuo são, e meus olhos não me enganam!
A única coisa que persiste é, talvez, a sensação de que eu prefira estar profundamente errado ou meio doido mesmo. Foi exatamente assim que eu me senti ao me deparar, no exterior do Meu Cazzzulo, com o Dia da Consciência Negra, um feriado "nacional", com eventos por todo o País, inspirados na idéia norte-americana do “politicamente correto”. Acredito mesmo que isso só possa ser fruto da tal “colonização cultural”, um fenômeno que, em tempos de “globalização”, ficou meio esquecido, mas que, infelizmente e lamentavelmente existe. Basta olhar para os negros brasileiros que, em termos de aceitação social, têm uma vida muito melhor do que a dos negros americanos (Nos EUA existe racismo despudorado!)...
Se pudéssemos apontar qual o maior exemplo, quiçá único, que o Brasil dá à humanidade, ele está na convivência inter-racial e multicultural. Só em nosso País passa comercial de programa árabe durante o programa judeu na TV. Só aqui todo mundo convive muito bem, sem Ku Klux Klan e sem ódio “étnico”. A única parte que assume isso são os skinheads, e todo mundo sabe muito bem que eles são considerados um grupo malévolo à parte, que deve ser combatido.
Alguém pode dizer:
No Brasil o racismo é sutil...
Eu pergunto:
O que é racismo sutil?
Quem apresenta aversão à uma raça, seja negra, branca, amarela ou vermelha, sempre manifesta isso de uma maneira que, por mais sutil e "delicada" que seja, é percebida!
O grande racismo, nada sutil, mas que pouca gente percebe, está em eventos como este fatídico Dia da Consciência Negra. Primeiro, porque ninguém acharia bonito se fizéssemos um Dia da Consciência Branca. Segundo, que celebrar em um feriado o Dia da Consciência Negra é o mesmo que influenciar o brasileiro, mesmo que indiretamente, à enterrar seu Pé na Jaca, como expõe uma recém lançada ficção Global, instigando-os à praia, churrasco, cerveja, muita cerveja, biquínis, marquinhas de biquíni, bundas, seios, abdomens sarados, dentre outras tentações, perversões e promiscuidades. Não venho, com esta última comparação, plantar um falso moralismo, até porque sou adepto de algumas imoralidades e contravenções. Venho sim lembrar que todos os brasileiros, guardadas as devidas exceções, em meio às últimas volúpias e luxúrias citadas, sequer lembraram que estavam curtindo um feriado que celebra e promove a Consciência Negra, que aos meus olhos,
deveria se chamar Consciência Racial, Étnica e Moral.
Mas promover uma raça, qualquer que seja, é e sempre será racismo. E eu não vejo nenhuma razão para tolerar nos outros o que eles pretendem condenar em mim. A única razão que se poderia alegar para que eu tolerasse isso é uma certa infantilidade da parte dos detentores do sistema. É em criança que se tolera esse tipo de atitude...
Não no alto de um púlpito parlamentar!
Donde se conclui o óbvio: o Dia da Consciência Negra depõe contra a própria raça negra, como se esta fosse composta de pessoas que precisassem desesperadamente de auto-afirmação. Auto-afirmação, aliás, equivocada... Nenhuma produção de cultura negra será boa ou relevante para a humanidade por ser negra, mas sim por ser cultura, não no sentido antropológico do termo. O poeta Cruz e Souza não se destaca como um poeta de relevância universal por ter sido negro, mas pelo valor da sua poesia, que teria o mesmo valor se tivesse sido escrita por um viking ou por um célebre escritor Francês, Alemão ou por qualquer "Branco"!
Querer falar de uma consciência negra como se esta fosse essencialmente diferente de uma consciência branca, ou árabe, é realmente estupidez. Porque, sendo diferente, e havendo tamanho esforço para celebrar e estimular tal diferença, só se pode concluir que ela seja ou superior ou inferior as outras.
O sistema faz tanto pela Consciência Negra para ajudar ao mais fraco...
O sistema celebra a Consciência Negra por ela ser superior,
sendo pois a base de nossa civilização...
O primeiro feito é nazismo patético às avessas...
O segundo é nazismo mesmo... e com nazistas devemos ofertar apenas o desprezo!
Um argumento que é utilizado pela comunidade negra (pensem em como soaria "comunidade branca"?) é o de reparação. Reparação das injustiças que foram cometidas contra os negros, escravizando-os, tirando-os da sua terra, etc....
Para explanar, remetemo-nos à história!
Os faraós egípcios, que, segundo alguns, eram negros, escravizaram vários povos durante mais de mil anos. A escravidão era prática comum entre as tribos africanas e todos sabemos que os negros das tribos mais fortes foram cúmplices dos europeus no comércio de escravos. Assim sendo, sugiro que os negros que desejam tal reparação façam árvores genealógicas para ir cobrá-la dos descendentes dos negros escravizadores. E, antes disso, peçam a conta a todos os povos escravizados pelos egípcios.
Eu tenho um exemplo de reparação:
Em meados de 1997 passou pelos meus ensinamentos de informática um jovem negro que não se contentava com o "ótimo"... ele sempre buscou a "excelência" em seus estudos e, hoje, é um Consultor de TI, de grande nome no mercado, o qual é um grande orgulho de minha profissão e currículo. Um negro, filho de pais negros, e não miscigenados, com sucesso profissional perante a sociedade "branca" hipócrita é, ao meu ver, um meio de reparação. Fica claro que não se trata de um negro ou um branco, e sim de pessoas, de gente...
Mas ninguém atenta para isto. Atentam sim para Ações Afirmativas, prática evidentemente racista que consiste em garantir uma porcentagem X de lugares para as minorias em certos meios dos quais elas se sentem excluídas, como por exemplo, as universidades. Evidentemente racista porque toda decisão tomada com base em raça é racista. Assim, as universidades são obrigadas por lei a admitir negros em seu quadro acadêmico, de acordo com uma proporção matemática extraída do número de negros na região.
Desse modo, as empresas são obrigadas por lei a admitir negros em seu quadro de funcionários, de acordo com um percentual estabelecido.
Falso Moralismo, Hipocrisia e Falta de Vergonha na Cara... conclusões explícitas da demência completa do sistema que conduz as três forças!
Ninguém percebe que uma Consciência, seja ela negra, branca, grega ou troiana, está mergulhada numa noite de preconceitos. E o preconceito é um tipo de cegueira intelectual. São cegos perdidos na noite, com apenas outros cegos para os guiarem, e que crêem que a cura da cegueira seja mais e mais a absoluta cegueira. O ruim com o ruim não dá bom: dá pior... não é matemática... é violência moral!
Estas práticas de Ações Afirmativas, que só aumentam o racismo, produzem um efeito moral muito mais nefasto, que apesar de não ter valores culturais tão arraigados, têm como maior valor a boa convivência racial. Todo este discurso só terá como único resultado a manutenção de um problema racial, e não a extinção deste.
Em uma grande e importante metrópole da Grande São Paulo é oferecida, por um grande e conhecido restaurante, há quase um terço de século, a mais famosa e suculenta Feijoada por mim e por muitos conhecida. Clientes amigos, profissionais de empresas do entorno e residentes da região saboreiam nas Quartas-Feiras e aos Sábados um famoso prato brasileiro. Para alguns, a origem do saboroso prato é desconhecida... Para outros, em uma vaga lembrança, é um saboroso prato, com origem em meados de 1549, com a chegada dos primeiros escravos vindos da África.
A mais primitiva Feijoada começou a ser feita nas senzalas, onde eram "depositados" os negros escravos por seus senhores. As partes menos nobres do porco como orelha, focinho, rabo, pé e língua eram descartadas pelos donos de escravos. Os escravos, por sua vez, salgavam-nas, para que pudessem ser guardadas sem apodrecer, e com isso, aumentavam seu poder de consumo e alimentação. Ora... não venho aqui denegrir imagem alheia... venho expor a mais pura hipocrisia branca... branca porque os vorazes consumidores de tal prato suculento, seja em tal metrópole da Grande São Paulo, ou em qualquer lugar do mundo que é ofertada uma bela e suculenta Feijoada são, dentre descendentes do Velho Mundo, descendentes da miscigenação de negros com brancos e negros com índios. Vorazes consumidores de Feijoada sem sequer lembrar que consomem um fruto de vossa própria história!
Consciência Negra, um invento contraditório, o qual faz o Brasil
dar mais um passo em direção contrária à realidade humana e moral!
NAMASTE!

1 Comentário

Danielli Araujo disse...

Boa tarde, Cris.
Matéria espetacular, concordo em tudo. É tudo hipocrisia mesmo... Parabéns pelo texto.
E mais uma vez peço autorização para publicá-lo em meu blog.
Beijinhos.

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