sábado, 18 de julho de 2009

Bastidores da Inveja!

O primeiro passo para a resolução de qualquer sentimento negativo é a compreensão dele. Para entendermos a inveja, temos de descobrir a estrutura básica que a antecede. O mecanismo responsável pela inveja é a comparação.
A inveja é a vivência de um sentimento interior sob a forma de frustração, de tristeza, de mal-estar, de acanhamento, por sentirmos menores do que alguém, por sentirmos menos do que o outro, por não possuirmos o que o outro possui, por não sermos o que o outro é.
É o desequilíbrio íntimo, oriundo de um sentimento de inferioridade, fruto da comparação que fazemos entre nós e o outro em algum aspecto específico: ou nas posses materiais, na casa, no carro, na roupa, no dinheiro ou nas qualidades psicológicas, morais, físicas, sociais ou espirituais. E como a inveja é um desequilíbrio entre nós e os outros num processo comparativo, desde cedo nos foram ensinados alguns mecanismos de defesa para este desequilíbrio. Um dos mecanismos mais comuns é aquele em que, ao sentirmos menores do que os outros, nos aumentamos, nos vangloriamos, nos enaltecemos para evitar o mal-estar do desequilíbrio.
Falamos excessivamente bem das nossas próprias coisas e, ao mesmo tempo, procuramos diminuir o outro através de críticas. E quando não há adjetivos a exceder, inventamos situações, coisas e valores, na intenção de possui algo com que se orgulhar, mesmo que de forma fantasiosa ou imaginária.
Quantas vezes você mostrou seu presente de Natal àquele seu amigo de menos posses?
Quando criticamos alguém, quando diminuímos alguém, quando ofendemos alguém, quando temos necessidade de falar mal de alguém, provavelmente estamos nos sentindo inferiores a ele. A inveja é a incapacidade de ver a luz das outras pessoas, a alegria, o brilho, a luminosidade de alguém, seja em que aspecto for.
A inveja é o sentimento daqueles que não encontraram respostas para a diversidade do mundo e das pessoas, e essa incapacidade de aceitar que as coisas e as pessoas sejam diferentes é uma rejeição de seu próprio Ego como sendo diferente das demais.
A inveja é a auto-aversão por não sermos como os outros são. O que há de negativo na inveja é esta auto-rejeição em algum aspecto. Por outro lado, nossa sociedade é baseada na comparação e nossa cultura é uma cultura de comparação. Como tudo é relativo, como tudo está em relação, perdemos a capacidade de ver as coisas em si mesmas e só conseguimos entender as pessoas e as coisas em comparação umas com as outras.
E como administrar o sentimento da inveja?
Se a inveja é fruto da comparação, é nesse ponto que devemos centrar nossa atenção.
Um exercício prático é o desenvolvimento sistemático da autocomparação, a comparação conosco. Sabemos sempre muito bem quanto ganham os nossos vizinhos, os nossos amigos, os nossos parentes, mas jamais fizemos uma análise do índice do nosso crescimento nos últimos anos. Estamos hoje piores ou melhores do que éramos ontem? Em termos sociais, psicológicos, financeiros, espirituais, estamos melhores ou piores do que estávamos há algum tempo? Há uma grande diferença entre a comparação com os outros e a comparação com nós mesmos. Na autocomparação, fortalecemos o nosso eu, o nosso centro, o nosso ponto de equilíbrio. Passamos a nos dirigir de dentro, em função do que realmente somos e não em função do que os outros esperam de nós.
Não se resolve a inveja, o ressentimento, torcendo pela queda do outro porque negar as próprias limitações com as limitações dos outros não dá vida a ninguém.
A autocomparação leva-nos a um fortalecimento interior. Fortalecemos a nossa identidade, reencontramos a nós mesmos, passamos a ser o nosso próprio ponto de apoio. Cada pessoa tem o seu ritmo, o seu jeito, o seu caminho, o seu próprio nível intelectual, espiritual e grau de evolução. Não estamos no mundo para sermos mais do que alguém, mas apenas para lapidar o nosso próprio potencial e talento, para sermos cada vez melhores e nos aproximarmos cada vez mais da Providência.
Nos bastidores de cada sentimento de inveja existe um sentimento de admiração, mas esse só pode desabrochar quando estamos muito centrados no nosso próprio tamanho.
O invejoso quando vê alguém a quem deveria admirar, tende a diminuir essa pessoa!
Só quando formos padrão de nós mesmos, reencontraremos a alegria de ser o que somos, de ter o que temos, de viver como vivemos. Somente o exercício da autocomparação nos levará à auto-aceitação, à realização do nosso próprio potencial.
Neste artigo cabe uma pequena parábola:

..."Há alguns séculos atrás, um mestre idoso e coberto
de honrarias estava à morte... Seus discípulos indagaram:
--- Mestre, estás com medo de morrer?
--- SIM! Estou com medo de me encontrar com o Criador!
--- Mas, como? Você teve uma vida exemplar. Assim como Moisés,
tirou-nos das trevas da ignorância! - perguntou um discípulo.
--- Você fez julgamentos justos como Salomão! - disse outro discípulo.
--- Sua paixão, coragem, liberdade, sacrifício, determinação e luta
compara-se a Leônidas! - lembra outro discípulo.
--- Mestre, sua conquista de novas terras, seu carisma, honra, sua liderança e sua visão de futuro moldaram o mundo como o conhecemos, e tais feitos só são semelhantemente encontrados nas desbravaturas de Alexandre, o Grande! - enaltece outro discípulo.
O Mestre, interrompendo as explanações e ELOGIOS de seus discípulos, responde:
--- Quando eu me encontrar com Deus, Ele não vai
me perguntar se eu fui Moisés, Salomão, Leônidas
ou até mesmo Alexandre, o Grande... - ilustra o Mestre!
--- Ele apenas vai me perguntar se eu fui eu mesmo!"...

A inveja e a cobiça andam de mãos dadas,
mas a verdadeira riqueza está na plenitude
de sua individualidade e essência... Seja VOCÊ!
NAMASTE!
28.05.2009 11:44

terça-feira, 7 de julho de 2009

Mariposas!

Até parece que esta é a natureza humana...
Basta aparecer alguém com a energia da colaboração, da doação, do amor, que surge logo um batalhão de Mariposas a usufruir da luz que elas não encontram em si mesmas.
Basta que se conheça alguém, ou que se tenha alguém na família que viva a vida que desejamos, para que deixemos nossa vida de lado, e realizemos nossos desejos frustrados na vida e nas posses do outro!
Triste ilusão...
Triste destino...
Viver da luz dos outros como Mariposas em volta da lâmpada!
Essas pessoas não percebem que a luz vai continuar acesa e logo o chão vai ficar coberto de Mariposas apagadas... Os seres iluminados (tão poucos e tão intensos) nunca perderão sua luz. Ter luz própria é uma conquista, um trabalho de uma vida, de muitas vidas!
Pobres Mariposas, tão cheias de motivos e justificativas: falta de tempo, falta de vontade, falta de fé!
O que essas Mariposas não percebem é que a luz está disponível para todos. Todos podem (e devem!) buscar a iluminação própria. Não é fácil... São necessários muitos sacrifícios e, neste momento, surge a preguiça, o medo, a inveja e até a vaidade.
Muito se fala em Amor Incondicional, mas são poucos os que estão dispostos a abrir mão de algo, às vezes algo bem pequeno, pelo outro, pelo seu irmão, pelo seu igual. Porém, algumas Mariposas sentem que existe algo dentro delas e reconhecem a necessidade de mudar. Só que não sabem fazer isso... Muitos se vêem perdidos entre o "querer mudar" e o "não saber como".
Às vezes ficam deprimidos, ficam com raiva, descontam nos outros, descarregam neles mesmos... E esta é uma das muitas missões dos espiritualmente esclarecidos:
Mostrar incansavelmente o caminho àqueles que se vêem perdidos em seus sentimentos e emoções!
Algumas Mariposas sairão dali para dar continuidade à vida e, um dia, ressurgirão como verdadeiros holofotes!
No entanto, o chão vai continuar cheio de Mariposas sem forças, pois a Luz é linda, as palavras são belíssimas, mas se tem alguém disposto a oferecer isso tudo sem pedir nada em troca por que, então, ter trabalho? Somos movidos pela emoção e muitas vezes o comodismo impede que busquemos algo que dê significado a nossas vidinhas tão cheias de mesmices!
Pobres Mariposas...
NAMASTE!
25.05.2009 11:44