domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Perfeccionista!

“Cisne Negro”...
É o nome do filme do cineasta Darren Aronofsky, uma narrativa sobre a busca doentia pela perfeição. Se, no conto original que inspirou Tchaikovsky na composição de "O Lago dos Cisnes”, o pássaro branco era confrontado com o pássaro negro – praticamente um símbolo daquilo que impede a felicidade -, no cinema a personagem vai, lentamente, dando força ao seu lado mais sombrio. A plateia lota diariamente, em parte porque cada um de nós carrega ao menos um traço semelhante, e a sombra que acompanha a procura do ideal maior pode deixar marcas profundas. Felizmente não somos perfeitos, justificando assim, nossa caminhada evolutiva, mas há quem simplesmente não saiba lidar com isso. O perfeccionismo pode ser definido como uma característica psicológica de se buscar padrões elevados nas realizações, padrões muitas vezes inatingíveis. Quando levado ao extremo, o perfeccionismo se torna prejudicial, apresentando uma formação rígida de pensamento, que gera dificuldade de adaptação e prejudica as relações interpessoais. A personagem do filme, uma bailarina que passa a ter delírios por conta de sua obsessão, sofre de uma patologia psiquiátrica conhecida como Transtorno de Personalidade Borderline, que conduziria aos impulsos de autoagressão. O perfeccionismo, em si, não causa alucinações. Isso não significa que o perfeccionista extremo não sofra. A busca pela perfeição como impulso que nos direciona na vida pode ser algo positivo, uma determinação que direciona para o crescimento, visando a nos tornar pessoas melhores. O problema é a exigência de que os altos padrões estabelecidos sejam sempre atingidos, afinal nós não seremos capazes de atingir um estado de absoluta perfeição, pelo menos não neste plano.
Quando a rota se torna a meta, surge o problema. Conheço uma beldade, estudante de Psicologia, que durante muito tempo buscou no próprio corpo a expressão máxima da perfeição. Banhos, esfoliações, unhas, depilações... tudo era em demasia. Com a casa era a mesma coisa: tinha de estar impecável, o que é impossível com um filho de seis anos, e acabou se afastando do que mais gostava, que são as pessoas, a parte social. Chegou ao ponto de não convidar pessoas achando que podiam notar algo sujo ou fora do lugar... estava doente!
Após uma cirurgia na coluna (que ela atribui à pressão psicológica), passou a buscar incessantemente a perfeição da alma, cobrando-se em relação aos seus conhecimentos religiosos e intelectuais. Passava horas trancada no quarto, lendo inúmeros livros, enquanto que a própria casa era relegada a segundo plano. Não usava maquiagem, deixou de fazer as unhas e passou a se penitenciar de forma extrema em relação a sua própria postura. De uma forma ou de outra, continuava exigindo de si com a mesma intensidade que antes, porque deveria ser quase tão pura quanto um santo. Acreditava que devia mudar o corpo, que a estética abriria portas, e hoje percebe que o espiritual também foi uma obsessão. Quando nos confrontamos com a sombra, que é algo assustador, tentamos nos segurar em algo para justificar o mundo interno, achando que descobrimos a cura ou sei lá o quê! O que mais afeta é perceber que existiam empecilhos internos contra os quais se tenta lutar externamente.
As manifestações por organização e perfeição não precisam ser tão exageradas a ponto de atrapalhar o dia-a-dia. Há pessoas que transferem a mania de perfeição para o ambiente em que vivem, e isso não é um traço exclusivo das mulheres. Muitas vezes, a intensidade com que uma pessoa tenta ordenar o mundo externo é o reflexo visível de uma tentativa inconsciente de ordenar o mundo interno. Conheço um empresário que sabe bem como é viver desta maneira: Os objetos são todos separados, tem umas 80 gavetas e sabe onde cada coisa está, e acredita que a organização extrema é simplesmente uma forma inteligente de não perder tempo. Ele acha que enxerga demais, que as pessoas têm alguma deficiência... Não é possível, se uma coisa está sempre no lugar, para que deixar os outros loucos colocando em outro? Longe de achar que é perfeito, ele reconhece que sua busca causa sofrimento, pois sempre procura ser perfeccionista. É melhor não errar do que pedir desculpas e querer corrigir depois, pensa ele. Em função disso, passa muitas noites acordado, tentando resolver tudo de madrugada. Isso acaba judiando da mente e, por consequência, do corpo!
Muitas pessoas associam o perfeccionismo ao Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), o que é um erro. O Transtorno Obsessivo Compulsivo é uma doença psiquiátrica caracterizada pela existência de obsessões que invadem a cabeça das pessoas, e as obsessões podem ser seguidas de compulsões, comportamentos que as pessoas desenvolvem para neutralizá-las, diferentemente do perfeccionista, pois a pessoa com TOC realiza rituais com medo de que, se não os cumprir devidamente, será castigada, punida ou sofrerá algo de ruim.
O perfeccionista apresenta sentimentos conflitantes sobre si mesmo. Quando consegue cumprir suas metas e idealizações, sua autoimagem é positiva, e sua autoestima alimentada. Porém, quando isto não acontece, ao contrário, ele se condena violentamente, apresentando baixa autoestima e, em alguns casos, até auto-mutilação. Para o perfeccionista, o único caminho de aceitação pessoal é a perfeição. Este traço está presente nos transtornos alimentares, como a bulimia e a anorexia, e pode se manifestar em transtornos de ansiedade, depressão e transtorno obsessivo compulsivo, embora não seja um fator causador destas graves patologias.
Geralmente, o perfeccionista pode ser definido com um “oito ou oitenta”: ou faz perfeito, ou não faz nada. Esta autoexigência pode resultar em sinais de cansaço, tanto físicos quanto psicológicos. Pessoas com este traço tendem a sofrer também de isolamento social, oscilações constantes de humor, baixa tolerância à frustração e depressão. Quando o perfeccionismo ultrapassa os limites do que é saudável, percebemos que a pessoa passa a se sentir submetida a um forte estresse, resultante da constante cobrança que impõe a si mesma.
Alguns sinais de alerta são a preocupação excessiva em corresponder às expectativas alheias, culpa exagerada diante do erro cometido, insatisfação mediante qualquer tarefa executada e exigência de que outras pessoas sejam perfeitas. Embora um perfeccionista seja sempre um perfeccionista, o traço pode ser modulado.
Manter os traços positivos do perfeccionismo, como a vontade de fazer bem feito, mas respeitando os próprios limites, é uma forma de atenuar o problema. A perfeição é um conceito fantasioso, que levado ao extremo conduz apenas à insatisfação. Pais e amigos podem ajudar, mostrando que a vida pode ser mais leve. Eles devem mostrar que o respeito e o apreço que sentem por uma pessoa não estão condicionados à sua perfeita conduta.
Estamos todos em graus diversos e diferentes de evolução...
Todos chegaremos ao alto grau, mas todos na sua velocidade,
em seu tempo, tudo em sua devida hora... Nada de antecipações...
Perfeccionista SIM, comodismo por "Errar é Humano", NÃO!
A vida é assim...
E assim se segue...
NAMASTE!
Fonte: Texto editado e compartilhado a partir de 'delas - Comportamento | Portal iG'

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Via FormSpring.me/CristianoQM! - 20/02

É possível admirar a obra artística de alguém
cujas atitudes ou convicções causem repulsa?

SIM...
Não se pode avaliar ou admirar o talento de alguém
tomando-se por base e parâmetro suas ações.
Convicção = Certeza adquirida por fatos ou razões!
Talento = Aptidão ou capacidade humana notável!
Portanto, um grande artista pode, a partir de seu
talento, apresentar grandes obras, por vezes admiráveis
mundialmente, mas possuir determinadas 'verdades íntimas'
que podem não ser necessariamente a verdade coletiva
sobre qualquer fato ou algo, e sim apenas uma fagulha
dentre outras opiniões, convicções e certezas!

Ciência x Espiritualidade? Pergunte-me!